Por muitos anos, a formação profissional oferecida principalmente por Instituições Federais de Ensino Técnico – atualmente denominadas Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – baseou-se em um saber pragmático-utilitarista a partir do qual o técnico era preparado apenas para a mera reprodução de práticas pré-determinadas pelo modelo vigente, as quais MARTINS (2000) caracterizou como um “fazer sem saber”. Em outras palavras, a formação técnica não tomava como base a reflexão (para a transformação histórico-social através de uma autoconscientização) nem a criatividade (para a reelaboração e criação de novos métodos). Nesse contexto, disciplinas de caráter mais reflexivo como filosofia, sociologia e, principalmente, disciplinas artísticas como arte, música e literatura foram menosprezadas por serem consideradas desnecessárias para a formação desse profissional. Tomando como base essas premissas, este trabalho objetiva discutir a relevância do ensino/estudo de literatura ficcional para a formação profissional. Além de uma breve abordagem sobre a formação profissional baseada na reflexão e transformação da sociedade; conceitos de literatura e seu ensino na Educação Básica brasileira e a utilidade do estudo de textos literários nos cursos de Ensino Médio Integrado ao Técnico dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; este trabalho apresenta e discute os resultados de uma pesquisa de campo situada no IFPE-Campus Belo Jardim, em que, a partir de questionários, docentes e discentes expuseram suas concepções sobre o papel da literatura ficcional como componente curricular da formação do profissional.