Desde os primórdios das civilizações, a imagem da mulher e da natureza interrelacionam-se através de papéis como provedoras e mães. De igual modo, mulher e natureza vêm sendo consideradas, na sociedade contemporânea, como oprimidas e passíveis de dominação pelo essencialismo do discurso de ideologia patriarcal, incorporado por instituições e espaços de poder. Em resposta à essa forma discursiva, o ecofeminismo propõe uma perspectiva distinta que faz a retomada da subjetividade tanto da mulher quanto da natureza. O Santo Inquérito (1966), obra de Dias Gomes, traz em sua narrativa, a vida de uma jovem judia chamada Branca Dias. Na obra, evidencia-se a semelhança de tratamento cultural discriminatório, expresso através da mulher e da natureza respectivamente. Embora as ações remetam a um fato cuja repercussão encontra-se associada à aspectos relacionados à Inquisição portuguesa, as estruturas de opressão de gênero antecedem este modelo de opressão cultural.No que se refere à natureza, ela é vista representada como um atributo inferior, sendo portanto negada toda a sua subjetividade. Ao associarmos a mulher e a natureza somam-se todos esses antagonismos. Desse modo, a presente discussão visa debater as representações da mulher e da natureza, a partir de uma leitura ecofeminista.