O objetivo deste artigo é refletir acerca do papel da Universidade pública e sua participação na construção de movimentos culturais, evidenciando as demandas de uma comunidade, propondo, nesse sentido, pensar as culturas locais no que elas possuem de invenção, potencializando suas particularidades, reinventando cenas de inserção, sobretudo, nos espaços formais de ensino. Ao mesmo tempo, saber que tal invenção possui um corpo que encena um movimento cultural é ter a consciência de que a atuação dos agentes dinamizadores da cultura é imprescindível nas comunidades locais, atuando como linhas de resistência. Osmar Moreira (2010), ao pensar a cultura como “máquina de guerra”, coloca em questão, justamente, os pontos nodais dessa dinâmica, enveredando pelas formas subalternizadas, pensando as micropolíticas, engendrando um movimento de apropriação da máquina dominante. Performatizar um movimento cultural seria inscrevê-lo no território da invenção e da guerrilha, essa tática de reivindicação, que intenta minar as frentes inimigas pela corrosão progressiva dos limites que são erguidos entre a classe hegemônica e as culturas periféricas. Nesse sentido, pensar o uso da memória como tecnologia tem, na perspectiva aqui proposta, o da apropriação das cenas culturais e pô-las em movimento na engrenagem social, esse campo de batalha em que o esquecimento e o preconceito atuam minando as ações oriundas de zonas periféricas.