Publicado postumamente em 1886, o poema narrativo “O Conde Lopo” não figura entre as obras de Álvares de Azevedo mais valorizadas por nossa crítica e historiografia literárias. Eivado de um byronismo radical, o texto inscreve-se dentro da tradição gótica na literatura, surgida na Inglaterra em 1764 com o romance “O castelo de Otranto”, de Horace Walpole, que instalou, no imaginário ocidental, os castelos medievais em decadência e a natureza em seu aspecto noturno como espaços paradigmáticos das narrativas de terror. Entrecruzando vários aspectos do Romantismo negro, “O Conde Lopo” articula elementos tanto sublimes quanto grotescos nos diferentes avatares do vampiro apresentados em seus versos. Nosso trabalho pretende empreender uma leitura do texto em cotejo com as reflexões estéticas de Edmund Burke, Immanuel Kant e Arthur Schopenhauer sobre o sublime, e as de Victor Hugo, Wolfgang Kayser e Mikhail Bakhtin sobre o grotesco, respectivamente, e assinalar sua importância enquanto representante do byronismo e do gótico na literatura do Brasil.