LETRAMENTO LITERÁRIO COMO FORMA DE RESISTÊNCIA DA ESCOLA
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As escolas são espaços de lutas, e os sujeitos envolvidos no processo educacional são capazes de usar o conhecimento crítico para a tomada de consciência das condições de dominação. Uma das formas de a escola se transformar em espaço de contestação, luta e resistência é investir no encontro dos alunos com os conhecimentos científicos, técnicos e artísticos. A literatura, que se inclui entre os conhecimentos artísticos, é um importante agente de crítica, de denúncia e de inquietação, devendo estar no âmago da vida escolar. O diálogo dos alunos com a literatura e a satisfação deles por esse encontro dependem, sobretudo, do professor, ou, conforme o conceito de Giroux (1999), dependem dos intelectuais transformadores no campo da cultura, que propiciam a seus alunos o acesso às obras e seus criadores. É à medida que a literatura vai desempenhando o seu papel de crítica, de denúncia, de inquietação que os alunos passam a encontrar satisfação cultural. O desenvolvimento de um trabalho pedagógico que efetivamente forme para o letramento literário, ressaltando que nesse processo estão contidas as habilidades de ler e escrever literatura, deve concretizar um dos modos de resistência da escola.Analisa os dados obtidos após nove meses de permanência, durante as aulas de Literatura e de Língua Portuguesa, numa turma de 4º ano, de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, no ano de 2009. A teoria da estética da recepção (Jauss e Iser) dá os alicerces para a apresentação das reflexões relativas à aprendizagem da leitura literária. As reflexões sobre a especificidade para a formação do leitor literário nas séries iniciais do ensino fundamental se apoiam nas reflexões de Poslaniec e as especificidades do trabalho escolar para desenvolver nas crianças pequenas a capacidade de serem autores de literatura se apoiam em Tauveron. As teorias selecionadas se complementam e são fundamentais na compreensão da relação entre o texto e o leitor, mediados pelo professor e os colegas da classe. Essas teorias apontam caminhos para que as crianças pequenas e em fase de formação como leitores aprendam na escola a construir sentidos, desenvolvam sua capacidade interpretativa e caminhem pelos meandros argumentativos e persuasivos do texto literário, na direção de melhor compreensão de si mesmos e dos desafios do mundo. Professor e aluno são interlocutores da obra literária e não são conduzidos passivamente por um autor ou pela imposição de ideias de uma obra literária. Ao analisar os processos pedagógicos desenvolvidos pelos professores e os seus efeitos para os alunos constata na escola os inadequados procedimentos adotados, as dificuldades e as limitações do trabalho, entretanto, igualmente presencia os esforços para superar estas restrições, que não são poucas, evidenciando-se o potencial e a capacidade de resistência da escola para formar leitores." 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