O objetivo deste trabalho é refletir sobre a função do topos local e, em alguns momentos, provinciano na obra de contos Orquídea de Cicuta (2002), da paraibana Janaína Azevedo, principalmente quando comparado a outros topoi representados em textos literários. A abordagem se centra na forma como o ambiente físico do sujeito da enunciação dos contos desta autora influencia na construção das narrativas, do desenvolvimento das personagens pela ação das mesmas e, também, dos perfis psicológicos destas. Assim, é possível problematizar de que modo o narrador constrói e apresenta os ambientes e lugares, ou seja, como ele transpõe o espaço e os lugares físicos e culturais para o desenvolvimento de uma atmosfera semanticamente carregada de aspecto fúnebre, misterioso e, por vezes, com certo suspense. A ambientação acontece em lugares longe dos chamados centros urbanos. Quando as cidades aparecem na ficção desta escritora, elas são localizadas no universo interiorano e funcionam como um lócus de passagem das personagens, isso coloca em cena histórias plenas de telurismo e de paisagens poéticas, que são elementos determinantes na constituição dos enredos e na tomada de posições das personagens que habitam os mundos de Janaína Azevedo. Tomaremos como base teórica os estudos realizados por Ligia Chiappini em Do beco ao belo: dez teses sobre o regionalismo na literatura (1995) e Velha praga? Regionalismo literário brasileiro (1994), e por Antonio Candido em Literatura e Subdesenvolvimento (2006), dentre outros teóricos.