Artigo Anais ABRALIC Internacional

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-157X

DAS PAISAGENS LITERÁRIAS NA INVENÇÃO DE ORFEU, DE JORGE DE LIMA. CONSIDERAÇÃO A PARTIR DOS DESASTRES

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Para além disso, revolvendo as camadas da tradição literária ocidental e valendo-se, para isso, de estratégias construtivas eminentemente metamórficas e atentas aos acontecimentos da modernidade, ela traz à tona a possibilidade de uma reconsideração cultural da emergência de uma relação distópica entre homem e seu entorno, suas circunstâncias. Já nos primeiros versos do longo poema, um dos textos deliberadamente reformulados é a epopeia de Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas. E, com isso, o barão – que surge destituído das insígnias que sustentavam a autoridade e a glória cantadas pelo poeta português –, se lança a percorrer paisagens contornadas por ruínas, por encavalgamentos de tempos diversos que fazem coexistir em uma mesma instância a costa brasileira do tempo da chegada dos europeus, a Veneza medieval, a Lisboa metropolitana, o Rio de Janeiro de Pereira Passos e do Estado Novo. O elemento que permite tal leitura é precisamente a consideração dos restos produzidos por cada tentativa de o homem construir um mundo seu, um mundo próprio. Há nessas formulações a proposta de uma elaboração da experiência moderna que vem juntamente com o caráter inquietante – i.e., que promove a emergência e o retorno do recalcado - inscrito na ação humana. Assim, se em uma das passagens do poema se diz que "nem tudo é épico e oitava-rima / pois muita coisa desabada / tem seu sorriso cotidiano" (V, 2), não é fortuito que em outros momentos do percurso o "barão, / de manchas condecorado" (I, 1) se depare com o assombro dos ameríndios extintos no mau encontro da dominação por Um (cf. Pierre Clastres). Nesse sentido, a Invenção de Orfeu perfaz seu relato também através das vozes fantasmáticas que pervivem, enquanto luminescências obscurecidas, nos subsolos das paisagens brasílicas. Esse é, então, um dos momentos em que a possibilidade de extinção – bastante contemporânea, se lembramos da espantosa cotidianidade do desastre – apresenta um espaço de confluência entre o já morto e o ainda vivo. Espaço esse que, no tempo de agora, permanece aberto à consideração tanto do desdobramento da biopolítica em tanatopolítica – em que a conformação política do homem se estabelece pela exclusão da vida e pela formulação de uma comunidade de espectros (cf. Fabián Ludueña). Nesse sentido, o savoir-faire pautado pelas montagens e encontros aparentemente disparatados da Invenção de Orfeu instiga e convulsiona um processo de imaginação incidente tanto sobre os corpos viventes quanto sobre as demandas de sentido insistentemente irrespondidas.A Invenção de Orfeu, publicada por Jorge de Lima em 1952, não comporta apenas a compreensão de que seja uma modernizaç&atilde" "modalidade" => null "area_tematica" => null "palavra_chave" => null "idioma" => null "arquivo" => "Completo_Comunicacao_oral_idinscrito_1351_bdbd4ded015b6b0136855c5a8d9f3193.pdf" "created_at" => "2020-05-28 15:52:50" "updated_at" => "2020-06-10 13:11:26" "ativo" => 1 "autor_nome" => "DIEGO CERVELIN" "autor_nome_curto" => "DIEGO CERVELIN" "autor_email" => "cervelin.diego@gmail.com" "autor_ies" => "UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA" "autor_imagem" => "" "edicao_url" => "anais-abralic-internacional" "edicao_nome" => "Anais ABRALIC Internacional" "edicao_evento" => "XIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada" "edicao_ano" => 2013 "edicao_pasta" => "anais/abralic/2013" "edicao_logo" => "5e48acf34819c_15022020234611.png" "edicao_capa" => "5f17347012303_21072020153112.jpg" "data_publicacao" => null "edicao_publicada_em" => "2013-07-12 00:00:00" "publicacao_id" => 12 "publicacao_nome" => "Revista ABRALIC INTERNACIONAL" "publicacao_codigo" => "2317-157X" "tipo_codigo_id" => 1 "tipo_codigo_nome" => "ISSN" "tipo_publicacao_id" => 1 "tipo_publicacao_nome" => "ANAIS de Evento" ] #original: array:35 [ "id" => 4250 "edicao_id" => 14 "trabalho_id" => 1102 "inscrito_id" => 1351 "titulo" => "DAS PAISAGENS LITERÁRIAS NA INVENÇÃO DE ORFEU, DE JORGE DE LIMA. 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Publicado em 12 de julho de 2013

Resumo

A Invenção de Orfeu, publicada por Jorge de Lima em 1952, não comporta apenas a compreensão de que seja uma modernização da epopeia. Para além disso, revolvendo as camadas da tradição literária ocidental e valendo-se, para isso, de estratégias construtivas eminentemente metamórficas e atentas aos acontecimentos da modernidade, ela traz à tona a possibilidade de uma reconsideração cultural da emergência de uma relação distópica entre homem e seu entorno, suas circunstâncias. Já nos primeiros versos do longo poema, um dos textos deliberadamente reformulados é a epopeia de Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas. E, com isso, o barão – que surge destituído das insígnias que sustentavam a autoridade e a glória cantadas pelo poeta português –, se lança a percorrer paisagens contornadas por ruínas, por encavalgamentos de tempos diversos que fazem coexistir em uma mesma instância a costa brasileira do tempo da chegada dos europeus, a Veneza medieval, a Lisboa metropolitana, o Rio de Janeiro de Pereira Passos e do Estado Novo. O elemento que permite tal leitura é precisamente a consideração dos restos produzidos por cada tentativa de o homem construir um mundo seu, um mundo próprio. Há nessas formulações a proposta de uma elaboração da experiência moderna que vem juntamente com o caráter inquietante – i.e., que promove a emergência e o retorno do recalcado - inscrito na ação humana. Assim, se em uma das passagens do poema se diz que "nem tudo é épico e oitava-rima / pois muita coisa desabada / tem seu sorriso cotidiano" (V, 2), não é fortuito que em outros momentos do percurso o "barão, / de manchas condecorado" (I, 1) se depare com o assombro dos ameríndios extintos no mau encontro da dominação por Um (cf. Pierre Clastres). Nesse sentido, a Invenção de Orfeu perfaz seu relato também através das vozes fantasmáticas que pervivem, enquanto luminescências obscurecidas, nos subsolos das paisagens brasílicas. Esse é, então, um dos momentos em que a possibilidade de extinção – bastante contemporânea, se lembramos da espantosa cotidianidade do desastre – apresenta um espaço de confluência entre o já morto e o ainda vivo. Espaço esse que, no tempo de agora, permanece aberto à consideração tanto do desdobramento da biopolítica em tanatopolítica – em que a conformação política do homem se estabelece pela exclusão da vida e pela formulação de uma comunidade de espectros (cf. Fabián Ludueña). Nesse sentido, o savoir-faire pautado pelas montagens e encontros aparentemente disparatados da Invenção de Orfeu instiga e convulsiona um processo de imaginação incidente tanto sobre os corpos viventes quanto sobre as demandas de sentido insistentemente irrespondidas.

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