No século XVIII, o romance e seu estatuto de ficcionalidade adquirem um novo objetivo e, consequentemente, uma nova forma. Denis Diderot, ao fazer parte do projeto pedagógico e civilizatório da Ilustração, tinha como perspectiva a ideia de que o romance possuía, dentre as suas funções, uma destinada a transmitir valores morais aos seus leitores, contribuindo, desta forma, para a educação dos seres humanos, uma vez que poderia ser um instrumento eficaz no que respeita à transmissão de determinados valores morais. Para alcançar este efeito, Diderot escreveu uma poética, intitulada “Elogio a Richardson”, na qual estabeleceu quais eram os procedimentos que deveriam ser adotados pelo romancista para que conseguisse, através do enredo de suas histórias, colocar a “Moral em Exercício”, ou seja, educar via a ação das personagens e não mais através de máximas morais, como fizeram os moralista do século XVII, para citar apenas um exemplo. A aplicação das técnicas apresentadas na poética diderotiana pode ser observada em seu romance “A Religiosa” que, ao subverter o formato convencional do romance, e suas partes, garante, assim, o efeito desejado: moralizar furtivamente, colocando a moral em prática. Segundo o autor desta história da freira, somente a partir das técnicas descritas em sua poética o romancista consegue tocas as paixões de seus leitores e, desta forma, transmitir os valores morais que contribuem para a formação dos homens.