ESTEREÓTIPOS UNIVERSAIS NA POÉTICA DE NELSON RODRIGUES: UMA TRANSGRESSÃO AOS LIMITES REGIONALISTASO presente trabalho tem a intenção de discorrer sobre os dois protagonistas de A mulher sem pecado, os personagens Lídia e Olegário, de modo que se perceba o delineamento de seus perfis a partir de uma posição estereotipada – e, portanto, universal - dos mesmos, sendo a primeira a esposa infiel e o segundo, o marido ciumento. A relação estabelecida entre regional/universal se dá a partir do entendimento de que mesmo que a maioria dos escritos de Nelson Rodrigues esteja situada cronologicamente como próxima ao dito período regionalista da literatura brasileira, e ainda que sua obra evidencie tempo e espaço conhecidos em perspectiva histórico-social, sua poética em pouco, ou quase nada se preocupa com tal engajamento. Ao contrário até do próprio preceito modernista que englobou parte significativa das produções literárias do Modernismo - movimento no qual se insere o autor - com a dita busca pela identidade nacional, o dramaturgo segue a direção oposta a esse propósito, produzindo polêmicas sobre temas que se pretendem universais, já que passíveis de transcendência geográfica porquanto esboçadas com vistas à apropriação do social para representação do existencial, e nesse sentido, voltadas a dimensões existenciais, universalizantes, da condição humana. Para realizar tal análise, contextualizaremos o trabalho do dramaturgo ressaltando seus feitos formais e temáticos de suma importância ao modernismo brasileiro, bem como ao seu apenas tangenciamento do regionalismo brasileiro, a partir dos autores Magaldi (1999), Telles (2009), Almeida (1999) e Lopes (2007).