A VOZ DE JULIO CORTÁZAR NOS CONTOS DE OS LADOS DO CÍRCULO, DE AMILCAR BETTEGA
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A primeira frase do conto é já desconcertante: “Quando conheci Cortázar eu já o imitava descaradamente”. Os lados do círculo se configura como espelho da narrativa cortazariana, na flagrante analogia com o romance O jogo da amarelinha (1963). Situações fronteiriças entre Brasil e Argentina podem revelar nuances de aproximação e distanciamento na estética das narrativas. O livro de Bettega é distribuídos em três partes: O Puzzle, Um Lado e Lado Um; O jogo da amarelinha está subdivido em: Do lado de lá, Do lado de cá e De outros lados. A estrutura das narrativas se harmonizam e se assemelham na construção das personagens: A Maga, no romance cortazariano e Marta, em “O Puzzle” evidenciam a aproximação sonora e gráfica nos nomes numa característica fundamental de ambas; promovedoras de encontros entre pessoas, na conformação de outra estrutura, instaurando um novo idioma ininteligível (A Maga) e uma nova escrita de caligrafia ilegível (Marta). As narrativas se conciliam tanto no plano do conteúdo, como no da expressão: a cidade e a literatura. A cidade é determinante nas ações das personagens, modificando-as, mas sofre alterações por suas intervenções. Em Os lados do círculo cruza-se uma Porto Alegre noturna, lugares míticos de Colonia del Sacramento, Uruguai e ruas de Buenos Aires. Em O jogo da amarelinha frequenta-se pontes e bulevares parisienses, vivencia-se Buenos Aires intimista. A literatura, veio metalinguístico, é centro da discussão, mostrando a linguagem que necessita romper códigos, para eficácia do sentido; então as discussões sobre arte concentram diálogos e ações das personagens nas narrativas. Os pontos de aproximação entre os contos e o romance são evidentes, sendo privilegiado o exercício do estilo cortazariano. 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