GUIMARÃES, Cinara Leite. Edna pontellier e a sociedade creole. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4893>. Acesso em: 07/11/2024 07:54
Kate Chopin consegue, em O Despertar (1899), fornecer-nos uma vívida representação da sociedade do sul do Estados Unidos na virada do século XIX. Habitada por diferentes grupos sociais de origens culturais diversas, Nova Orleans e Grand Isle são os espaços escolhidos para a trama, onde a protagonista Edna, de origem presbiteriana, irá conviver com seu marido em meio à sociedade creole da qual ele faz parte. Nosso artigo tem por objetivo apresentar e discutir as diferenças culturais enfocadas no romance, em especial no que diz respeito à sexualidade e ao papel atribuído à mulher. Entendemos que o contato com uma cultura mais sensual, na qual a sexualidade é abordada de forma mais aberta, proporciona a Edna uma vivência diferente, que irá contribuir para o seu despertar para o prazer. De modo diverso, tendo um caráter fortemente patriarcal, cuja ênfase recai na caracterização da mulher como anjo do lar, a vivência dentro da cultura creole também agirá de forma repressiva, uma vez que Edna não se ajusta à imagem da mulher-mãe e não se submete ao marido. Desse modo, pretendemos, por meio de uma caracterização das personagens Edna Pontellier e Adele Ratignole, contrapor as culturas mencionadas, atribuindo aos conflitos vividos pela protagonista, o despertar de sua subjetividade. Afinal, é no embate com o outro, o diferente, que Edna reavalia seu lugar nessa mesma sociedade.