Introdução: A Teoria evolutiva aponta que as modificações dos seres vivos surgem ao acaso com o decorrer das gerações, favorecendo a sobrevivência dos mais adaptados e é um dos eixos fundamentais das Ciências Biológicas. Segundo a hipótese criacionista, um Criador divino originou os seres vivos, incluindo o homem, sem que houvesse o processo evolucionário. Objetivo: Identificar as concepções de docentes de biologia e ciências em três países latino-americanos (Brasil, Argentina e Uruguai) relacionadas à evolução das espécies. Material e Métodos: Para a análise, foi aplicado o questionário BIOHEAD-CITIZEN nos três países e selecionadas as seguintes questões: “Indique sua avaliação da importância dos seguintes assuntos na evolução das espécies.” B42: “Ao acaso” e B48: “Deus”, ambas com as seguintes alternativas: “Muita importância”; “Alguma importância”; “Pouca importância”; “Sem importância nenhuma”. Além de abordar a pergunta P13 que indica a religião seguida pelos professores latino-americanos inquiridos. Resultados: Observa-se entre os professores entrevistados a prevalência da religião católica, brasileiros 55%, argentinos interrogados 59%, uruguaios 49%, o que pode gerar conflitos entre ciência e religião, acarretando em distorções dos conceitos científicos. Entre as respostas obtidas, destaca-se que 73% dos educadores argentinos alinham-se à Teoria evolutiva atribuindo maior importância ao “acaso” e 82% deles indicaram “Deus” como “sem importância”. Para a amostra de professores brasileiros, 39% indicaram a alternativa “muita importância” em “acaso” e 50% atribuíram maior importância a “Deus”, indicando forte influência religiosa. 56% dos docentes uruguaios inquiridos assinalaram a opção “muita importância” para a assertiva “Ao acaso” e, 63% da amostragem do Uruguai conferiram a resposta de “sem importância” para Deus. Esses resultados revelaram uma alinhamento nos percentuais de respostas entre os professores argentinos e uruguaios, entre os professores brasileiros foi apresentado outro padrão de resposta. Conclusão: Os professores do Uruguai, país de tradição laica, de fato demonstraram percepções que separam suas crenças pessoais dos conceitos científicos, porém entre os professores argentinos, país com forte tradição de interferências religiosas do estado, também demonstraram saber harmonizar seus preceitos religiosos com seus saberes acadêmicos, privilegiando os últimos em relação ao tema da evolução biológica. Os professores brasileiros, vivendo em um país supostamente laico, tiveram respostas que revelaram um intensa participação da sua religiosidade na elaboração dos conceitos relativos à evolução biológica, no entanto, seriam necessárias novas investigações para analisar se essa interferência tem repercussão no ato de ensinar o tema na sala de aula.