As teorias linguísticas, quando aliadas à prática docente, podem contribuir significativamente com o ensino no sentido de mostrar aos alunos que, além da mera utilização da linguagem, é possível também a construção de uma maior consciência a respeito dela. Para tanto, neste trabalho, apresenta-se uma proposta de aliança entre os estudos linguísticos e a prática docente, na qual o aluno seja instigado inicialmente a realizar pesquisas sociolinguísticas e, a partir disso, criar hipóteses baseadas em seus achados, tendo como suporte as teorias linguísticas. A metodologia empregada partiu da observação, em sala de aula, das práticas sociais vistas em gêneros discursivos de conhecimento dos alunos quando cotejadas com os conflitos presentes entre a normatização gramatical, prescritiva, e a realidade por eles observada; e ainda, a materialização da língua em textos orais ou escritos e sua adequação à variedade linguística local. Tomando como base os estudos descritivos críticos sobre os usos da voz verbal passiva sintética (SCHERRE, 2005; BAGNO, 2001; 2010), propôs-se a estudantes de uma turma do ensino fundamental II a construção de um quadro expositivo de usos desse fenômeno em sua região de moradia, buscando, em seguida, uma ação pedagógica que orientasse os alunos à reflexão linguística crítica sobre o tema estudado, tendo como amparo os estudos teóricos já realizados, em busca da competência comunicativa, conforme Travaglia (2009). Como resultados, os alunos estudam a língua(gem) em sua dinâmica social, participando ativamente enquanto construtores de seu conhecimento linguístico, passando a ser pesquisador-observador da sua língua, ao refletir sobre ela, ganhando, assim, mais autonomia e segurança em seu uso.