FERNANDES, Karine Gabrielle et al.. Introdução à química, acessível em libras. Anais II CINTEDI... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/23032>. Acesso em: 21/11/2024 21:01
Diversos países estão se esforçando para aumentar a participação e aprendizagem das crianças que são consideradas de especiais necessidades educacionais. O conceito de inclusão é suscetível de substituir o de integração como uma prioridade educacional. Embora "inclusão" e "integração" são por vezes utilizados de forma intercambiável e enquanto a sua distinção não é tão óbvia, eles ainda têm algumas diferenças. '''Integração' implica que algo seja feito para as pessoas com deficiência por pessoas sem deficiência de acordo com as suas normas e condições''. '''Inclusão' melhor transmite um direito de pertencer ao "prevalecente/dominante", ao redor dele, trabalhar junto para finalizar a discriminação, e no sentido de trabalhar frente iguais oportunidades". A educação "especial" está se fundindo com a educação "prevalecente/dominante", o que implica que os professores devem modificar suas práticas, a fim de serem capazes de ensinar as crianças "especiais" (incluindo novos professores). A educação inclusiva começa a ser notada pela legislação brasileira de uma forma mais efetiva, porém esse processo é desconhecido pela população em geral, e requer tempo e cautela para ser instituído. Na prática há barreiras que são enfrentadas durante a busca do cumprimento destas prioridades educacionais. Mesmo o profissional que pretende empreender inclusão, pode correr o risco de aplicar integração, por não estar preparado. No caso de aluno surdo, a inclusão vem ocorrendo no sentido da disponibilização do profissional Tradutor e Intérprete da Libras, o que não garante acesso às aprendizagens, pois há dificuldades de comunicação entre professor e aluno surdo e falta de conhecimento sobre a surdez. A química apresenta especificidades em seus conceitos que requerem habilidades para suas transmissões. Envolvendo estudantes surdos, parece clara a importância do professor de química possuir também competências para lidarem com essas transmissões de conhecimentos, talvez alcançando melhor êxito aquele professor que domine, mesmo que parcialmente, a Libras. O objetivo do projeto é ministrar um curso de química (setembro a dezembro) para portadores de deficiência auditiva. A priori havia previsão da necessidade de ajustes durante o desenvolvimento do projeto, porém as adaptações tornaram-se alterações consideráveis na proposta inicial. Em cada etapa ou atividade há desafios e dificuldades para alcance da clareza almejada (desde o preparo do roteiro de aula, passando pelas gravações dos vídeos e realização das aulas). Quanto às aulas, houve desde o começo manifestação de interesse dos alunos em aprendizado de química de fato, reforçando a proposta do projeto em promover esta aquisição de conhecimento, apesar do grande desafio. Nas aulas já realizadas, há demonstração por parte dos alunos de capacidade de concentração, observação aos menores detalhes com interesse/cobrança de explicações, memorização, além de contentamento e competitividade com atividades lúdicas. O projeto visa como impactos esperados principalmente a inclusão do cidadão surdo, ampliando sua forma de comunicação com os outros envolvidos, mesmo que ainda de maneira sutil, por meio da Libras, além da aprendizagem do conteúdo do curso. A formação e qualificação de recursos humanos também são almejados. A transmissão do conhecimento de química aos alunos surdos parece estar alcançando êxito, o que ainda carece de considerações posteriores.