O ensino-aprendizagem acontece no campo das relações afetivas. No caso do ensino de uma língua materna e de uma segunda língua, as relações humanas envolvidas são partes do processo. Neste caso é fundamental proporcionar à criança ou mesmo ao adulto que se encontra no processo de aquisição de uma língua, um ambiente favorável, com relações sociais de qualidade. Neste sentido, o objetivo deste artigo é investigar se o projeto da prefeitura do Recife, de implantação de salas bilíngues, vem sendo efetivado de acordo com as especificidades necessárias para a educação bilíngue. Direcionamos o olhar a partir das abordagens de educação de surdos, tendo como principal aparato teórico autores que se referem a área do nosso estudo. Esse trabalho foi desenvolvido em duas escolas da rede municipal do Recife que têm salas regulares bilíngues para surdos, situadas em regiões políticas administrativas distintas. Foram entrevistados dois gestores e dois professores, sendo um de cada escola. Os dados revelaram avanços e limitações como: equipe de professores fluentes na Libras, ausência de diretrizes curriculares e falta de recursos pedagógicos, bem como apresentaram ganhos consideráveis para a educação de surdo do município do Recife, de fato a inserção de uma língua acessível como veículo de comunicação se traduz em qualidade e desenvolvimento cognitivo, científico e cultural. Mas, o projeto ressalta alguns elementos limitadores de ordem político-administrativa. Por outro lado as salas regulares bilíngues necessitam de diretrizes curriculares comuns, sinalizadas no Projeto Político Pedagógico para todo município. Assim, o projeto das salas bilíngues da prefeitura do Recife vem sendo efetivado, em parte, de acordo com as especificidades necessárias para a educação bilíngue em algumas escolas.