Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a questão da educação inclusiva em escolas públicas do semiárido norte cearense, levando em consideração a formação inicial dos mesmos em seus diversos cursos de licenciatura. Partimos das seguintes problematizações: Como estão elaborados os currículos de graduação para o trabalho com alunos portadores de necessidades especiais? Como se dá o diálogo entre teoria e prática durante a graduação (TARDIFF, 2014) no que diz respeito à educação inclusiva? Para o desenvolvimento desta pesquisa, de natureza exploratória e descritiva, propusemos um questionário, seguido de entrevistas, no segundo semestre de 2016, em sete escolas da educação básica, de municípios distintos, na região do semiárido cearense, na qual os entrevistados deveriam atender aos seguintes requisitos: a) atuar em sala de aula, b) ser graduado há, pelo menos um ano, e c) ter cursado uma licenciatura plena. Tomamos, também, como fonte documental as ementas de um curso de cada grande área do conhecimento da Universidade Estadual Vale do Acaraú, responsável pela maior parte dos licenciados formados na região, com a intenção de perceber quais disciplinas ofertadas poderiam propor discussões com a questão central do estudo. Destarte, obtivemos duas análises distintas, uma para os dados, sob a perspectiva da Gramática Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) e outra para as fontes, sob a perspectiva da Análise Documental (FLORES, 1994). Os discursos dos professores apontam para uma deficiência encontrada nos documentos que se referem a sua formação inicial, pois em nenhuma das ementas analisadas, encontramos uma discussão ampliada sobre educandos com necessidades especiais, além da disciplina de LIBRAS, que ainda assim, resume-se, em grande parte, ao estudo de determinados sinais, deixando de lado questões específicas da comunidade surda em relação ao mundo. Em suas falas, percebemos o reconhecimento do despreparo para lidar com esses alunos e estigmas (GOFFMAN, 1975) construídos por falta de maior conhecimento sobre as necessidades especiais dos aprendizes. Assim, ainda há muito a ser implementado nos cursos de graduação para que a escola possa, de fato, tornar-se um espaço de inclusão para todos os alunos e que as diferenças deixem de ser um fator de desconhecimento e exclusão.