No contexto de produção literária atual a literatura periférica está ganhando espaços, dando voz aos sujeitos que muitas vezes foram excluídos socialmente, por questões de cor, gênero, classe social, etnia, etc. Nesta perspectiva, este artigo dialoga com a literatura e a Sociolinguística, investigando a significação das gírias em Falcão: meninos do tráfico, de MV Bill e Celso Athayde, para a constituição dos meninos como um grupo social. Problematizaremos as especificações de sexo/gênero e de classe social dentro do estudo das variações da Língua. Para tal, investigaremos como a linguagem se torna não apenas um instrumento significativo de comunicação/codificação entre os personagens, mas também um elemento constitutivo da ideologia, da subjetividade, e da singularidade desse grupo. Especialmente, o uso de gírias, nesse contexto, contribui para a identificação dos meninos traficantes como um grupo social, bem como, para a construção de uma estratégia de afirmação social e de subjetividade dos falcões. Destarte, defende-se uma discussão sobre essa narrativa e seus sentidos na sala de aula, para a compreensão dos vários significados presentes no signo linguístico e das formas como esse léxico influencia e é marcado pela identidade daqueles que o utilizam, tendo em vista que o estudo da literatura periférica, bem como a análise da linguagem utilizada por aqueles socialmente marginalizados, é uma forma de inclusão dos sujeitos que são excluídos da escola e da vida cotidiana. É preciso lembrar que a inserção dos grupos marginalizados dentro de uma instituição é uma das formas para diminuir o preconceito social e linguístico, mostrando aos alunos outro lado da realidade desses sujeitos que, na maioria das vezes é silenciada.