Os estudos de gênero e sexualidade na atualidade buscam contribuir com a perspectiva da não-binaridade das línguas neolatinas, que persistem com o masculino genérico e reforçam a ideologia cisheteronormativa. Tendo em vista esse contexto e buscando expandir a compreensão das diversas identidades de gênero, para que os corpos de sexualidades dissidentes possam ser incluídos no discurso é que emerge a linguagem não-binária (LNB). Ela é parte da linguagem inclusiva de gênero, modelo do linguista britânico Norman Fairclough, (2001[1999]) que visa democratizar as diversas possibilidades de gênero, se afastando do recorrente emprego do masculino genérico de algumas línguas. Reconhecendo que a linguagem é primordial para ter a sua subjetividade reconhecida, colaborando para que mais pessoas se sintam acolhidas e possam existir, com o intuito de contemplar novas perspectivas que divergem das normas cis-heteronormativa. Porém, existem muitos mitos em torno da LNB na sociedade, principalmente quanto aos seus usos e práticas na sala de aula. E um dos desafios desse trabalho é desconstruir esses mitos e auxiliar com argumentos que possam contribuir na inclusão dessa prática discursiva, afinal a linguagem é um fenômeno que atende as necessidades humanas e está sujeita a mudanças de acordo com as necessidades sociais que surgem no decorrer do tempo. Portanto ela está sujeita a variação e a mudanças que a própria sociolinguística aponta em seus estudos nas últimas décadas. Desse modo, esta proposta está em discorrer sobre a LNB no contexto de usos e práticas sociais como mecanismo de inclusão dessas pessoas que divergem da norma hegemônica de gênero. Consequentemente, demonstrando que é uma linguagem inclusiva de (r)existências de gênero e que a linguagem não binária é parte dessa prática discursiva.