Aos videntes, o ensino de células e tecidos biológicos é feito com o auxílio de lâminas histológicas ao microscópio de luz, fotografias e desenhos em livros e atlas. Todavia, como ministrar uma aula inclusiva para alunos com deficiência visual, cegueira? O objetivo deste trabalho é relatar os resultados dos testes de matrizes táteis de células e tecidos biológicos realizados com dois alunos e uma professora com cegueira, na Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC). Foram realizados quatro encontros sobre os tecidos básicos: epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular. Em cada encontro foi feita uma exposição teórica, utilizando-se as matrizes táteis como ferramentas didáticas, seguida de uma entrevista semiestruturada sobre a diagramação, os materiais utilizados na montagem, o Braille e a eficácia das matrizes na compreensão do assunto abordado. No segundo encontro, foi apresentado o tecido conjuntivo com as células: fibroblasto, macrófago, mastócito, célula adiposa e hemácia, bem como os diferentes tecidos conjuntivos: frouxo, denso não modelado, denso modelado e adiposo. Cada matriz tátil foi montada em folha A3, contornada por uma margem e dividida em duas partes. Na maior parte, à esquerda, a célula ou o tecido, e na menor parte, à direita, a legenda. O tamanho, o espaçamento e a disposição das estruturas foram considerados adequados. No entanto, em relação aos materiais táteis utilizados, os testes indicaram que materiais com diferentes texturas e relevos devem ser utilizados na representação de estruturas diferentes, mesmo em matrizes de outros tipos celulares. Por outro lado, a representação das células no tecido deve ter o mesmo material e relevo da célula isolada.