O presente trabalho discorre acerca das políticas educacionais e o processo de inclusão das crianças público da educação especial nas instituições brasileiras. A investigação de cunho qualitativo aqui apresentada, é um recorte das discussões desenvolvidas na pesquisa intitulada “Os discursos de inclusão nas políticas educacionais: vozes, ressonâncias e silenciamentos nos CAps mineiros”, que teve como objetivo pontuar sobre os discursos, desdobramentos e efeitos das políticas educacionais de inclusão desenvolvidas pelo governo federal brasileiro no período histórico de 1988 a 2015, considerando os Colégios de Aplicação mantidos por universidades federais do estado de Minas Gerais. Para tanto, utilizou-se a pesquisa documental, tomando como ferramenta de análise metodológica a abordagem do Ciclo de Políticas de Ball (1994), buscando descrever e analisar os fundamentos históricos e legais dessas políticas, para compreender os discursos e as influências delas nos diferentes contextos. Para a análise dos dados, empregou-se a análise do discurso tendo como referência os estudos de Foucault (2005), a partir dos conceitos de governamentalidade, biopoder, norma e discurso. Os resultados nos indicam que foi necessário admitir nos enunciados dos textos políticos neoliberais, os discursos da inclusão tomados como verdades pelo governo durante o recorte histórico pesquisado para legitimar ações, programas e propostas em prol da efetivação de uma inclusão de “todos” no sistema escolar, como práticas da governamentalidade. Concluímos que a inclusão se encontra ainda hoje como um problema presente, posto como um imperativo neoliberal numa perspectiva do biopoder, em que não se governa o corpo do indivíduo, mas o corpo-espécie da população.