O transtorno do espectro autista caracteriza-se, entre outros aspectos, por dificuldades de socialização e comunicação. O presente trabalho foi realizado em um centro comunitário com um adolescente com grau 1 de suporte. Após observação do comportamento do participante durante três semanas e diversas conversas com a mãe dele, foi possível traçar o perfil do jovem. Apresentava prejuízos na fala expressiva, leves estereotipias, baixa autoestima, e interesses restritos voltados para videogames e pela cidade de Belém. Ao longo de dez meses, reuniões semanais foram organizadas no intuito de melhorar essas características. Entre outras atividades, foi proposto a elaboração de um vídeo visando definir qual o melhor bairro de Belém com base nas entrevistas dos moradores da cidade. Assim, o adolescente teve que 1. Elaborar o roteiro das entrevistas; 2. Ensaiar as entrevistas com a equipe executora; 3. Entrevistar pessoas em diferentes ambientes da cidade; 4. Sintetizar e interpretar os dados coletados; 5. Gravar um vídeo de curta duração no qual ele interpretava o papel do jornalista; 6. Editar o vídeo. De forma a aliviar a sobrecarga emocional gerada por essas etapas de trabalho, ‘intervalos comerciais’ foram gravados durante os quais o educando falava livremente sobre um tema de sua escolha. Esses intervalos foram posteriormente inseridos no documentário. O desempenho e a receptividade do aluno foram acompanhados ao longo do projeto de forma a nortear a elaboração das atividades semanais. Ao início do projeto, o educando teve dificuldades para iniciar a sua fala, focar e manter uma postura adequada na frente dos participantes. No entanto, ganhou em confiança à medida que ensaiava com a equipe executora. O projeto foi concluído com êxito graça ao empenho e entusiasmo de jovem que, embora introvertido, gostou da abordagem empregada.