As pessoas com TEA carregam memórias, conhecimentos e experiências em seus corpos, mas algumas não conseguem expressá-las sem algum tipo de auxílio ou mediação. Existem crianças verbais e não verbais, e dentre as não verbais, às vezes, o único tipo de linguagem que se consegue detectar é o corporal. Em alguns casos, pessoas com TEA tendem a apresentar déficits desenvolvimentistas que podem ser considerados barreiras em algumas práticas corporais. Para tanto, sugere-se a prática do surfe, visto sob uma perspectiva inclusiva e desenvolvimentista como uma forma de prática corporal para pessoas com TEA. Dentro desta perspectiva, o estudo em questão traz as percepções dos familiares e voluntários integrantes da Associação Onda Azul (AOA) sobre a participação das pessoas com TEA na AOA. Estes dados são um recorte de uma pesquisa de mestrado realizada em Florianópolis e defendida no Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFSC. Trata-se de uma pesquisa descritivo?exploratória com trabalho de campo e análise qualitativa dos dados. Para a coleta dos dados foram realizadas observações participantes, a elaboração de um diário de campo e entrevistas semiestruturadas com voluntários e familiares de alunos da AOA. Todos participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a análise dos dados coletados foram utilizados elementos da análise de conteúdo, bem como a triangulação dos mesmos. Como resultado, foram percebidas melhoras nos alunos da AOA na autoestima, nas interações sociais, no equilíbrio, na concentração, na coordenação motora e nas técnicas necessárias para a prática do surfe. Tais achados demonstram que o surfe desenvolve aspectos cognitivos, motores e sociais, exaltando sua potencialidade como uma terapia não convencional para esta parcela da sociedade. Também pode-se observar que as repercussões encontradas transcendem o ambiente da praia e os dias da aula e adentram na rotina das famílias.