O presente trabalho é uma disputa. Uma disputa epistemológica feita no território e cultura, em contraponto as inúmeras investidas que tendem a silenciar e soterrar as influências raciais no território Amazônico, tendo como recorte o território Paraense, e as inúmeras manifestações/rituais que tiveram origem no encontro negro e indígena na região. O apagamento proposital da raça no debate sobre Amazônia é uma estratégia colonial, desde sua invenção, que alimenta e contribui para a exclusão dos inúmeros corpos racializados que cotidianamente ajudam a manter de pé a Amazônia, da qual tanto se disputa. Neide Goldin, Patrícia Melo Sampaio, Vicente Salles são alguns pensadores que se dedicaram a estudar a importância do corpo negro na região, como os mestres de carimbó, a exemplo de mestre Verequete que tocou seu som como forma de aterrizar no negro na formação do carimbó juntamente com o indígena. Mas não somente os pensadores da região tem a contar, os trabalhos de Beatriz Nascimento e Antônio Bispo dos Santos sobre o quilombo tem um infinitude de contribuição e possibilidades narrativas sobre a região, afinal, ao pensarmos sobre Amazônia e sua formação territorial, não há como negar o quilombo como força tecnológica de manejo, tanto da vida, como do território. Logo, a disputa é uma tentativa de construir uma epistemologia que dê contam das vidas que compõe a região e não, novamente, um olhar colonizado sobre a região enquanto apenas floresta. A cultura afro-indígena é um igarapé, que corre nos interiores da mata.