Em 2003, foram promulgadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura afro-brasileira e africana, através da Lei 10.639. Posteriormente, através da lei 11.645/2008, essas normativas foram atualizadas para incluir também o estudo da história e cultura indígena. Através dessas legislações, foi instituída a obrigatoriedade do ensino desses conteúdos na educação básica e, consequentemente, na formação de professores, o que pode se considerar um importante marco na história da educação brasileira. Nessa seara, levando em conta a necessidade de se repensar a formação de professores a partir de uma perspectiva decolonial, se demonstra algo de extrema importância buscar compreender como essas diretrizes estão sendo aplicadas. A partir disso, durante esta investigação, desenvolveu-se a análise curricular dos cursos de licenciatura de 19 universidades federais do Nordeste, com o objetivo de identificar a presença de conteúdos inerentes à educação para as relações étnico-raciais na formação docente dessas instituições. A partir disso, foi realizado o levantamento de projetos político-pedagógicos e ementas de cursos de licenciatura das instituições em pauta, a partir dos sites oficiais e contato com os colegiados por e-mail. Nesse contexto, foram identificados 269 cursos de licenciatura, dos quais foram analisadas 8.913 ementas de componentes curriculares. Nesta análise, foram encontradas 842 ementas com conteúdo relacionado às DCN de forma direta ou indireta. Tais números apontaram que de modo geral a proporção de ementas com conteúdos inerentes à educação para as relações étnico-raciais é insuficiente e incompatível com o previsto nas DCN.