O currículo da Educação Infantil é composto pelas ações de educar e cuidar que orientam, organizam e fundamentam as interações entre adultos e crianças, entre educadores e entre famílias e escolas. A ênfase nas ações de cuidado na rotina do segmento tem raízes na percepção generificada de que amor e afeto são atributos naturalmente femininos e maternos, perpetuando a ideia de que as mulheres são educadoras natas, além disso, reifica na história colonial brasileira, em que mulheres negras escravizadas desempenhavam papéis de cuidadoras de crianças. Olhando para este contexto proponho que há de um "currículo materno" racialmente informado, em que as mulheres aprendem como cuidar de bebês, como serem mães, produzindo a ideia de que toda mulher pode cuidar e educar profissionalmente qualquer criança pequena. Mobilizando trechos de relatos de professoras que vivenciam diariamente a relação entre o ensino de crianças pequenas e a maternidade; o pensamento feminista e do feminismo negro; as discussões sobre currículo e as atuais reflexões sobre maternidade e cuidado, estabelecerei conexões possíveis para dialogar com a seguinte pergunta: Como o "currículo materno" informa o currículo da Educação Infantil, produzindo de maneira subjetiva e material as educadoras desse segmento?