“Se o conhecimento tinha sido produzido por homens, a ciência é uma versão parcial do homem sobre a realidade, ainda que esta visão parcial tenha sido elevada a categoria da universal?”. O questionamento de Gloria Bonder abre a discussão para o caráter androcêntrico da epistemologia científica. Construída por e para homens, a Ciência descarta e desclassifica a participação de outros atores, corpos dissidentes, ao excluí-los precocemente dos processos de tomada de decisão, como por exemplo, ainda nas disciplinas escolares de Ciências Exatas e da Natureza. Diante desse cenário, o presente trabalho discute os resultados da aplicação de uma sequência didática desenvolvida para ressignificar os valores associados às identidades marginais a partir da química da purpurina no contexto do Carnaval do Rio de Janeiro. Para a garantia de uma educação pautada na justiça social e no questionamento sobre a normatividade, o trabalho amparou-se no Enfoque CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e na Pedagogia Queer. Os resultados obtidos a partir dos depoimentos e tomada de decisão dos estudantes refletiram os valores desenvolvidos ao longo das aulas. Portanto, a sequência didática demonstrou-se eficaz para que o Ensino de Química assuma um papel de responsabilização na (re)construção de uma Ciência plural, capaz de ressignificar os valores atribuídos aos dissidentes.