Este trabalho tem como objetivo analisar os dados apresentados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) no Dossiê de Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2022. O documento é levado ao público para que se possa refletir sobre os elevados índices de assassinatos contra a população trans no Brasil. Para isso, apoiamonos no conceito de necrobiopolítica para entender como o estado age em relação a determinados grupos que vêm transgredindo com as normas de gênero impostas pela nossa sociedade. Com isso, busca-se analisar a distribuição desigual do direito à vida e ao reconhecimento da humanidade, problematizando como se tira a vida de certos grupos da população com muito mais frequência e de forma mais violenta do que de outros. A análise utiliza ferramentas da arquegenealogia foucaultiana. Os dados analisados apontam que essas vivências são engendradas por uma engrenagem social, cultural e simbólica que produz interações sociais por meio da gestão da morte e de processos de invisibilização, fazendo com que certas vidas na nossa sociedade pareçam ter menos valor do que outras.