A ementa sobre os estudos de gênero no programa de pós-graduação em Comunicação, da Universidade Estadual de Londrina/PR, considerou aspectos decoloniais e suas encruzilhadas, a partir da proposta metodológica da Cartografia Sentimental (Rolnik, 2017), com o intuito de construção coletivas de saberes, a partir do pressuposto que todes, professor e estudantes, são especialistas em gênero, uma vez que nossas corpas são generificadas. A insurgência do “especialista” em gênero, geralmente delegada ao docente, aqui tomou outros contornos, numa proposta indisciplinar, em que não lemos as obras, us autores, mas que elus nos leram, por meio de conceitos que tentam expressar nossas vivências. O termo aula foi substituído por encontro. Ao invés de conteúdos esquematizados, uma roda de falatórios transversalizados da vida dus estudantes, que experienciam o conceito. A resposta foi imediata e entramos em processos cartográficos sentimentais, a partir do que as leituras nos afetaram. As trocas nos levaram a questionamentos fundamentais, tanto dos conceitos, quanto de nossas vivências. A metodologia de ensino objetivou a horizontalidade das relações entre docente e discentes. Desde a estética da sala, sempre organizada em roda, até nos modos de condução do conteúdo de cada encontro. O objetivo foi desobedecer e desaprender antigas regras pedagógicas, conceitos e teorias. As novas fabulações em ato, a partir de como as obras nos leram, criaram possibilidade de nomear sentimentos, sofrimentos e projetar outros futuros, criando fabulações de novas possibilidades de outros mundos, em que todas as vidas sejam valoradas, consideradas e caibam em sua plenitude e diversidade.