O ingresso das mulheres no mercado de trabalho foi acompanhado do surgimento de diferentes formas de desigualdade, dentre elas a segregação vertical. Essa segregação se resume na presença massiva de homens nos altos cargos das organizações e na manutenção das mulheres nos cargos mais baixos. Segundo Acker (1990), a própria estrutura das organizações privilegia os trabalhadores do sexo masculino tornando difícil a permanência e ascensão das mulheres. Os trabalhos de Bonelli e Barbalho (2008), Bonelli (2016) e Bertolin (2017) mostram que os grandes escritórios de advocacia do Brasil contam com esse tipo de segregação, enquanto as mulheres representam mais da metade dos estagiários e advogados associados, o quadro societário é composto majoritariamente por homens. A partir das pesquisas já desenvolvidas sobre o tema, o presente trabalho propõe pensar a desigualdade de um outro ângulo: retirando o foco dos obstáculos encontrados pelas mulheres e colocando nos fatores que permitem a promoção daquelas que ascenderam. A proposta é investigar como as advogadas sócias chegaram ao quadro societário dos grandes escritórios e a quais fatores atribuem sua ascensão. Para alcançar o objetivo, a pesquisa contou com a realização de entrevistas semiestruturadas com advogadas sócias e advogadas associadas de três sociedades de advogados de grande porte, no total foram entrevistadas quinze advogadas. A partir dos relatos foi possível concluir que fatores como networking, mentoria e apoio familiar são importantes para ascensão dentro das sociedades de advogados. Contudo, fatores como momento econômico, intercâmbio e maternidade também podem influenciar no processo de ascensão.