A concepção que hoje temos sobre mulher e principalmente negra é quase estritamente relacionada ao seu corpo, em comparação com seu intelecto, sobretudo quando o assunto é racialização do mercado de trabalho em contrapartida à negação ao ensino superior. Historicamente nós mulheres negras ocupamos as estatísticas mais desvantajosas em relação a desumanização dessas relações trabalhistas como também as dificuldades de acesso a uma formação acadêmica. A presente comunicação faz parte de um projeto de pesquisa monográfica, cujo objetivo visa analisar como a mídia jornalística na década de 1990, a partir do exemplo do Jornal do Brasil e da Revista Manchete, influenciou na estereotipação e sexualização de mulheres negras no Carnaval, pensando na tríplice violência de raça, classe e gênero que essas mulheres são submetidas. Estabelecendo também diálogos com debates acadêmicos sobre o lugar social destes indivíduos e todo contexto histórico ao qual foram submetidos durante séculos de erotização descomedida de seus corpos. O embasamento teórico do estudo dialoga com autores que discutem sobre a problemática racial, mulher negra e sua representação na sociedade criada pela mídia brasileira. Entre eles estão, Gonzalez (2020), Hooks (2019), Pacheco (2008), Nascimento (2016), Chartier (1991). Os procedimentos metodológicos incluem análise bibliográfica de matérias jornalísticas através da pesquisa documental. Com este estudo pretendemos mostrar como a mídia corrobora com a produção do racismo estrutural, e a hipersexualização dos corpos das mulheres negras como ponto de vista estratégico e perspectiva de visibilidade desse debate para a formação acadêmica e social.