Neste trabalho, proponho-me a descrever e analisar o projeto "Diálogos Formativos" - uma experiência de formação pedagógica com educadores(as) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - campus Itapipoca. Enfocarei os encontros de leitura coletiva dos ensaios do livro "Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade", de bell hooks (2017 [1994]). Interessa-me, além de apresentar esta prática, problematizá-la no âmbito do trabalho formativo conduzido pelo setor técnico-pedagógico com professores(as) e técnicos(as) administrativos(as) em educação. Recorrerei, neste escrito, a conceitos centrais do pensamento de bell hooks, como prazer, comunidade, raça/gênero e história de vida, e os articularei a categorias teórico-práticas freirianas, como diálogo, leitura, autonomia e estudo. Serão objeto de análise e interpretação comentários escritos e relatos orais transcritos dos(as) educadores(as) que participaram do projeto, sobretudo das edições dedicadas à leitura de bell hooks. Parto do princípio de que, ao entrarem em contato com textos cuja autoria e ponto de vista são marcados pela experiência racial e de gênero, profissionais da educação profissional pública estarão mais aptos a compreender as complexas relações sociopedagógicas das quais participam. Assumo que a formação continuada em serviço, com foco em saberes pedagógicos, pode ser um espaço de educação antirracista e antissexista, desde que fundado sobre um compromisso ético e político com o direito à vida digna e equitativa de pessoas negras.