A concepção de que atividades práticas enriquecem significativamente as aulas de Ciências é trivial entre os educadores. Contudo, a partir de Bachelard (1936) é necessário atentar que essas estratégias, quando não exploram explicações envolvidas nos fenômenos científicos podem se constituir como espetáculos divertidos que pouco, ou quase nada ensinam Ciências. A partir dessa assertiva, que é denominada por Bachelard (1936) como obstáculo epistemológico, traçamos como objetivo do presente artigo apontar no ensino de Ciências por investigação, reflexões didáticas para introduzir, desde os primeiros anos de escolarização, experimentos práticos que incitem o encantamento pelos mistérios da Ciência, mas sem deixar as nuances explicativas dos fenômenos se ofuscarem por efeitos visualmente interessantes. Para alcançar os objetivos do estudo, a partir da análise de conteúdo fizemos uma investigação em uma atividade experimental denominada “O problema do carrinho”. Os dados foram tratados e estruturados em cinco categorias, as quais permitiram chegar a resultados que sinalizam que o ensino de Ciências por investigação ao abordar os conteúdos de Ciências em forma de problemas a serem investigados pelos estudantes com autonomia e liberdade intelectual incita a atenção e o encantamento dos estudantes, mas, sem deixar os elementos do conhecimento (o raciocínio e as explicações) serem ofuscados pela beleza dos experimentos, a exemplo de cores vibrantes, barulhos e fumaça.