Este estudo investiga os impactos da pandemia Covid-19 na alfabetização das crianças nas escolas públicas brasileiras. Considerando as condições em que ocorreu o processo de alfabetização das crianças, analisa as estratégias adotadas pelas escolas de anos iniciais do ensino fundamental (EF) para a continuidade das atividades de ensino-aprendizagem de seus alunos, durante a suspensão das aulas presenciais e busca verificar os possíveis reflexos dessas novas condições de ensino nos resultados da alfabetização das crianças, comparando dados dos períodos pré e pós pandemia. Para as análises foram utilizados dados da Pesquisa Resposta Educacional à Pandemia de Covid-19 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad-c). Os resultados apontam consideráveis desigualdades na adoção de estratégias para a continuidade das atividades pedagógicas durante a suspensão das aulas presenciais entre as escolas, redes de ensino, regiões e unidades federativas. Quanto aos resultados da alfabetização das crianças, constata-se um aumento, em 2021, no percentual de crianças de 7/8 anos que não sabe ler e escrever no País. Adicionalmente, resultados do Saeb 2º ano do EF pré e pós pandemia evidenciam um aumento no percentual de alunos cuja proficiência está localizada nos níveis mais baixos da escala de proficiência de Língua Portuguesa. Desigualdades são verificadas ao se considerarem as regiões geográficas, entes federativos, localização rural/urbana e raça/cor das crianças. Os resultados sugerem ainda que houve um aumento nas desigualdades educacionais após a pandemia.