O atraso na alfabetização de algumas crianças do Ensino Fundamental, principalmente em escolas periféricas, é assunto bastante conhecido no meio acadêmico e ficou ainda mais notável no período pós-pandemia, quando alunos do Fundamental 1, em especial do terceiro e quarto ano, retornaram para as escolas após dois anos tendo aulas através do ensino remoto. Conseguir a recuperação dessa aprendizagem tem sido um grande desafio para os professores que atuam em sala, com classes numerosas e desniveladas, assim como para os gestores. Diante desse cenário, a recuperação em período de contra turno não tem tido o êxito esperado, em função do pouco engajamento e evasão dos alunos, conforme revelam pesquisas sobre o tema. Embasado na Pedagogia Histórico Crítica, o projeto “Acompanhamento e apoio aos processos de reforço escolar na alfabetização e leitura” teve como um dos seus objetivos construir, em conjunto com uma escola da periferia, atividades de recuperação no horário de aula. Vários esquemas foram sendo testados, procurando: a) evitar que as crianças com atrasos fossem estigmatizadas dentro da sala de aula por estarem no projeto; b) garantir que elas mantivessem o contato com a turma e com a sequência das aulas; c) permitir que tivessem um atendimento individual em espaço adequado; d) aproveitar materiais didáticos disponíveis na escola. A experiência realizada demonstrou a viabilidade do caminho adotado, com resultados muito positivos na aprendizagem dos alunos atendidos em comparação com a sua turma, reduzindo as defasagens observadas antes das intervenções.