No presente trabalho, objetivamos refletir acerca da crônica contemporânea escrita em âmbito hispano-americano, com ênfase no livro Falsa Calma: un recorrido por los pueblos fantasmas de la Patagonia (2005), de autoria da escritora argentina María Sonía Cristoff. Nosso estudo gira em torno de dois eixos, os quais se complementam: buscamos (1) pensar como as crônicas presentes nesse livro apresentam territórios vertiginosos e sujeitos em permanente mutação; e (2) refletir sobre um conjunto de tensões relacionadas à conformação do gênero (crônica) que emergem reconfiguradas depois dos anos 2000 (pelo menos), como a fusão entre realidade e ficção, literatura e crítica (literária), por exemplo. Na interseção desses dois eixos, sugerimos que o vaivém do sujeito que narra as histórias que aparecem nesses textos coincide com certa deriva do gênero, de modo que, nessas circunstâncias, a escritura surge como um processo errante. A partir da análise desse livro, sugerimos que sujeito e território, assim como literatura e crítica, se afetam reciprocamente no movimento escritural que funde realidade e ficção. Para tanto, como aporte teórico principal, nos valemos das concepções de Ramos (1989), Rotker (1992), Ludmer (2010), Aguilar (2014), Gárate (2022), no que concerne às transformações da crônica nos últimos anos, aos processos de hibridização do gênero, a fusão entre realidade ficção, literatura e crítica literária, às afecções sujeito e território, e as tensões entre a dimensão autoral e a inscrição do sujeito da escrita nesses textos.