Na literatura brasileira contemporânea emergem narrativas, vozes e sujeitos, constantemente silenciados e invisibilizados, como as mulheres pretas, que empreendem movimentos de resistência e enfrentamento ao centro, que sempre ocupou posição de alta valoração e privilégio social. São esses sujeitos advindos das margens com suas narrativas que desnudam e (re) afirmam a vida e as singularidades das minorias que constituem a multidão contemporânea, confirmando suas potências e colocando em xeque os estereótipos que lhes foram historicamente atribuídos pelo discurso social hegemônico. Tendo como objeto de estudo os contos Shirley Paixão e Lia Gabriel, da autora afro-brasileira Conceição Evaristo (2016), objetivamos analisar os movimentos de insubmissão ao jugo dominante e patriarcal protagonizados pelas personagens que dão título aos contos. As discussões apresentadas se fundamentam nos pressupostos teóricos de autores da crítica literária, a exemplo de Hutcheon (1991), Bauman (1998), Fanon (2008), Ribeiro (2017) e Duarte (2018). Os resultados parciais indicam que a literatura, com toda força expressiva que possui, pode promover novos embates discursivos e políticos, incitando novas formas de se pensar a sociedade e suas estruturas sociais, econômicas e culturais, quando acessada e produzida por outros sujeitos, colocando em foco novas experiências que não somente as da elite brasileira.