O presente trabalho busca investigar como o Nordeste brasileiro é figurado enquanto matéria lírica em uma amostragem de dois poemas extraídos de obras distintas da poetisa paraibana Amneres. Selecionamos, para tanto, os textos “Sobre raízes”, publicado na obra Verbo e carne (AMNERES, 2014) e “Arribação”, contido na coletânea Rubi (AMNERES, 1997). Em face do trabalho analítico aqui desenvolvido, de natureza bibliográfica e qualitativa, nos portamos, para nosso diálogo crítico, das considerações de Chiappini (2013) e Haesbaert (2010) que tratam da noção de regionalidade; Albuquerque Júnior (2011) e Kunz (2001), acerca dos aspectos concernentes à reflexão sobre o Nordeste, dentre outros autores suscitados ao longo das análises. Como resultados, percebemos que os textos selecionados figuram uma memória etnográfica da autora que intenta vincular sua ação criativa à invenção de uma poética nordestina fruto da poesia popular, com ênfase para a forma poética do martelo agalopado, bem como delineia a imagem da ave de arribação em seu aspecto transformativo como um signo representante do Nordeste.