A literatura se constitui como uma das modalidades artísticas responsáveis por caminhar ao lado da humanidade durante as mais diversas fases de sua existência. Por se tratarem de produções que dão voz não apenas àquilo que foi observado no mundo que a rodeia, mas também à aspectos mais subjetivos e internos do ser humano, é inevitável que haja nos textos literários representações da psique humana. O presente trabalho tenciona analisar as personagens Catarina e Antônio do conto ‘Os Laços de Família’ (1960), de Clarice Lispector (1920-1977), a partir dos conceitos psicanalíticos presentes na Primeira e Segunda Tópica freudianas. A relação entre a representação das personagens e a teoria psicanalítica evidencia não apenas a influência das instâncias do aparelho psíquico postuladas por Sigmund Freud (id, ego e superego) em relação a outras personagens do conto, mas também conflitos entre tais instâncias. Tais conflitos se apresentam tanto de forma interna (na subjetividade de uma mesma personagem) quanto externa (nas relações para com as demais personagens). A construção desta narrativa de Clarice revela a possibilidade de mergulho na profundidade humana.