Este texto tem como objetivo partilhar a experiência formativa vivida por uma professora de Educação Infantil da rede pública de Maricá/RJ quando passa a narrar/registrar em caderno de campo cenas do cotidiano de uma turma de crianças de 2 e 3 anos de idade do Maternal I. Mais do que momentos vividos, os relatos dão pistas da importância de ouvir as crianças e do processo formativo que a reflexão sobre a prática profissional pode proporcionar. A narrativa, mesmo que particular, remete a reflexão da prática profissional e pressupõe o outro sob a nova ótica daquele que foi marcado pelo vivido e agora assume a posição de narrador (BENJAMIN, 1994). Para Garcia e Abreu (2018) professores e professoras que contam sua história e traçam sua trajetória, deixam suas marcas e concretizam um processo formativo. As cenas partilhadas apontam para um caminho de escuta, reflexão, olhar atento e respeito à infância. A valorização do olhar da professora nos relatos do cotidiano de uma sala de aula evidencia a face política da educação que ganha força quando outras professoras vivenciam àquelas experiências divididas e planejam novos caminhos para o seu fazer cotidiano. Ao registrar/narrar/ler recorremos ao que Reyes (2010) chama de ferramentas mentais e simbólicas que nos ajudam a organizar o fluxo dos acontecimentos e pouco a pouco nos descobrimos, nos revelamos e acima de tudo nos deciframos na cadeia temporal instaurada na linguagem.