O presente trabalho busca relatar uma pesquisa sobre as trajetórias dos professores que atuam no Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME verificando as suas práticas pedagógicas para a educação do campo do sudeste paraense, no município de Conceição do Araguaia. O SOME é direcionado à expansão das oportunidades educacionais em nível médio, para a população do interior do Estado, onde não existe o ensino regular, com vistas a garantir o acesso e permanência dos alunos em suas comunidades. A metodologia foi a história oral para apreender os relatos dos professores e suas discussões e debates de práticas pedagógicas. Desvendou-se o diálogo entre os saberes das comunidades atendidas e os saberes necessários a uma cidadania planetária, que preparam para a produção, para o trabalho e para a emancipação dos povos do campo e da floresta. Através de um roteiro de entrevistas pré-estabelecido foi possível compreender os professores, suas trajetórias, percepções e análises sobre os contextos em que atuam a sua relação com o lugar, com as comunidades e como se situam em meio às condições materiais dos espaços onde desenvolvem suas práticas. Justificou-se a opção pela história oral porque propiciou a pesquisadora aproximação com o objeto estudado, contribuindo teoricamente para a interpretação das histórias narradas pelos sujeitos investigados. Realizamos três entrevistas que foram degravadas e incorporadas ao trabalho no sentido de historiar e pesquisar o universo da educação no campo. Considerou-se a história oral e as trajetórias narradas pelos professores, um valioso instrumento para se repensar uma concepção de prática pedagógica que inaugure a relação entre o educador, educando e comunidade, como antecipadora do encontro ou da situação problematizadora; assim o professor ao narrar sua história, pode usar essa autorreflexão para planejar suas ações futuras. Constatou-se que as experiências narradas configuram um universo de conflitos e contradições encontradas no seio da prática exercida nos mais variados contextos, diante das inúmeras dificuldades para pôr os princípios e objetivos da educação do campo, principalmente em articular os conteúdos necessários para garantir a melhoria de vida, humanizar e emancipar os sujeitos do campo. Conclui-se que, no universo dos professores do SOME, paralelamente às condições materiais e ambientais, constroem-se inúmeras experiências pedagógicas na educação do campo que ultrapassam os limites da resiliência.