Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no ano de 2006, através da Resolução UEPB/CONSEPE/06/2006, foi definida uma política de reserva de vagas para o Concurso Vestibular da Instituição. Sendo assim, a partir do ano de 2007 na UEPB, a partir da Resolução supracitada, cinquenta por cento (50%) do total de vagas de cada curso de graduação passou a ser destinado a candidatos aprovados no Vestibular da Instituição que tivessem cursado integralmente o Ensino Médio em escolas públicas do Estado da Paraíba. Ao contrário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que destinou um percentual de vagas específico para negros, a UEPB estabeleceu apenas um percentual para aqueles considerados “carentes”. Cumpre destacar que, de acordo com inúmeras pesquisas realizadas no Brasil, os negros estão alocados, em sua grande maioria, nas classes sociais mais baixas (FERNANDES, 1978; HASENBALG, 1979; MOURA, 1988; AZEVEDO, 1996; PINTO, 1998; TEIXEIRA, 1998; CHIAVENATO, 1999; D’ADESKY, 2001). Propõe-se aqui, portanto, um estudo sobre a questão da inclusão de alunos (as) negros (as) no Campus VI da UEPB através da Política de Cotas Sociais da Instituição e suas trajetórias. Sendo assim, o que se pretende compreender, em última instância, é como estes alunos (as) se veem enquanto negros (as) e “cotistas” ou como os (as) estudantes auto reconhecidamente negros (as), ingressos na UEPB através do Sistema de Cotas Sociais, constroem sua identidade étnico-racial. O fato é que, segundo Teixeira (1998), nenhum autor questiona a relação entre raça ou etnicidade e as desigualdades sociais. O que, parece, perpetuaria esse estado de coisas seria o fato de que também o negro ver-se-ia “excluído” das possíveis aberturas que a estrutura social ofereceria à mobilidade social ascendente, via sistema formal de ensino e mercado de trabalho. Nestes termos, esta pesquisa, que se delineia de modo analítico-descritivo e quanti-qualitativo - dado o uso feito de questionários, entrevistas e análise de trajetórias, pretende “dar visibilidade àqueles que não aparecem nos gráficos estatísticos”, sem, contudo, limitar-se a “individualizar” algumas escolhas e trajetórias, procurando nelas as bases sociais capazes de permitir a outros indivíduos escolhas e trajetórias semelhantes; e, ainda, sem abrir mão das análises mais amplas e abrangentes.