ARTEFACTOS: DIÁLOGOS DE NICANOR PARRA COM A POESIA CONCRETA E VISUAL
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Artefactos – cuja edição original, em parte, foi confiscada e destruída pela ditadura de Pinochet – é uma criação de Parra que merece maior atenção e ser analisada em profundidade. Ela revela uma forma sui generis de expressão artística, a começar pelo seu formato – uma caixa com 121 postais que trabalham o encontro da palavra com imagens, muitas delas remetendo ao grafite e à propaganda. Esse encontro do pictórico com o verbal suscita o diálogo com os caminhos poéticos que foram trafegados pela poesia concreta e pela poesia visual. Concreta no sentido da explosão da palavra como motor do poema, da utilização dos recursos oferecidos pela arquitetura da página, além dos espaços em branco (CAMPOS, PIGNATARI, CAMPOS, 1975). E visual no sentido da incorporação de imagens ao poema, fazendo delas parte inerente do qual não podem ser excluídas, sob pena do desaparecimento de sentido (MENEZES, 1998). Neste trabalho mostramos que essa obra de Parra nos oferece uma possibilidade criativa de produção literária que ultrapassa os limites impostos pelas formas tradicionais da poesia, mostrando, no dizer formulado por Tabarovsky (2017), que a criação comprometida realmente com a transformação deve-se dar não só no conteúdo explícito, mas também na forma em que é apresentada." 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