Realizaremos, nesse trabalho, uma reflexão inicial sobre a presença do ensino do espanhol na rede federal de educação, ciência e tecnologia, tomando-a como um lugar de reflexão de uma glotopolítica do Estado brasileiro em relação ao ensino de línguas na educação básica. Composta por mais de 600 campi espalhados por todo o país, tal rede se converte em um importante espaço de observação sobre uma glotopolítica do Estado nacional em relação às línguas estrangeiras e em especial ao espanhol. Isso se deve ao fato de que a língua espanhola ocupa diferentes espaços nessa rede, sobretudo devido à diversidade de cursos nela oferecidos, sendo língua estrangeira obrigatória e optativa em cursos do Ensino Médio, língua para fins específicos em cursos de graduação e como língua de habilitação de cursos de licenciatura em Letras, como se observou em Souza Junior (2017 e 2019) em relação a um campus da rede. Cabe discutir, também, a legitimidade dos saberes e dos valores relacionados à língua espanhola nessa rede federal, em contraposição ao status do inglês como língua de ciência. Esse trabalho é parte de uma pesquisa inicial realizada a partir de dados sobre a presença da língua espanhola na rede federal, tomados de uma amostragem na qual se considerou um campus de cada estado. Nosso referencial teórico é o da Análise do Discurso Materialista (PÊCHEUX, 2002 e 2014) e o da Glotopolítica (ARNOUX, 2010).