A cultura de dominação masculina sobre os corpos femininos vem se reproduzindo desde antiguidade e sendo incorporada de forma naturalizada. Assim, as mulheres são ensinadas desde pequenas que devem ser submissas às vontades dos seus maridos e presas ao ambiente doméstico. E quando essas mulheres fogem do modelo de que devem ser mães, esposas e donas de casa, sofrem consequências como a segregação, exclusão, abandono, e vários tipos de violências. Este trabalho propõe uma reflexão sobre a violência de gênero e a culpabilização do papel feminino nas sociedades, dando ênfase à experiência de relatos de grupo de mulheres participantes do Programa de Extensão Quem disse que as mulheres não podem? Educação em Direitos, Esportes e Saúde (PROEXT/MEC/2013). A amostra contou com 15 mulheres da comunidade Chã de Jardim, zona rural do município de Areia-PB, esta é composta por mulheres com faixa etária entre 20 a 60 anos, casadas, de união estável e separadas, com diferentes níveis de escolaridade variando desde o ensino fundamental incompleto ou ensino superior completo. A coleta de dados foi desenvolvida entre agosto e setembro de 2013 em uma das oficinas pedagógicas, através do estudo em grupo de uma tirinha que retrata a cena de um marido que agrediu a mulher e que a força policial fora acionada para atender a ocorrência de agressão. Para esta discussão foram utilizados os estudos de gênero e a Teoria da Dominação Masculina de Pierre Bourdieu. Através dessas oficinas foi possível perceber que a maioria das mulheres participantes não conseguem se reconhecer como vítimas e ainda se identificam como responsáveis pelas situações de violências que sofrem como mulheres.