O presente artigo teve por objetivo promover uma reflexão crítica, através de uma análise fílmica-exploratória do filme “XXY”, acerca da influência de uma representação binária do sexo, que reflete diretamente na forma como as pessoas são educadas, percebidas e aceitas no meio social. Trata-se de um estudo de cunho analítico/exploratório com abordagem qualitativa, produzido a partir de impressões sobre a produção Argentina lançada no ano de 2007 e dirigida por Lucia Puenzo. A análise do filme objetivou estabelecer uma compreensão das cenas a partir de uma relação com a literatura atual existente sobre o tema. Para tanto realizou-se, na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), uma revisão desta literatura a respeito do referido tema. Além dos estudos localizados na referida base de dados publicados no período de 2010 a 2014, considerou-se também alguns outros textos que abordassem a temática. Os resultados apontaram que o filme XXY traz a tona questões de gênero e sexualidade através da história da jovem intersexual Alex que se vê constantemente em conflito com a idéia de ter que optar por um dos sexos (feminino ou masculino). Percebeu-se ainda que deve-se atentar para a necessidade de desconstruir e problematizar as classificações binárias relacionadas à sexualidade que estão presentes no imaginário social ocidental e que continuam a ser repassadas de geração em geração através de uma educação que proporciona diálogos e reflexões limitadoras. Desse modo, é necessário notar que existem outras inúmeras formas de viver a sexualidade e que há a necessidade de uma reviravolta no modo de pensar das pessoas, a fim de apreender o gênero como algo mais amplo e múltiplo do que se imagina.