O papel que as religiões de atriz africana representam no campo religioso do país é, sem dúvida, de importância indiscutível. No entanto, elas lidam desde suas primeiras manifestações com o problema de aceitação e preconceito na sociedade brasileira. Neste sentido, a mídia televisiva poderia ter um papel crucial em contribuir para a superação deste desafio. O presente trabalho tem como objetivo analisar o quadro “A galinha preta pintadinha” do programa “Tá no Ar: a TV na TV”, transmitido pela Rede Globo de televisão. O quadro faz uma mistificação caricata das religiões afro-brasileiras, onde apresenta uma forma satírica de ridicularizar símbolos e traços das religiões de raiz africana. Esta presença começa com próprio nome do quadro e continua na realização de paródias de cantigas de roda, fazendo analogias as práticas ritualísticas sagradas dessas religiões de forma cômica, com a galinha se apresentando em rodas de dança, batuques e em rituais mágicos. Quadros como esses reproduzem cada vez mais, dentro de um cenário onde as informações se propagam rapidamente, como a televisão, uma visão depreciativa sobre religiões como Candomblé e Umbanda. Para realização da pesquisa, utilizamos como referência as discussões de Reginaldo Prandi, assistimos aos vídeos disponibilizados pelo site da Rede Globo, transcrevendo os áudios e fazendo “prints” das páginas para captar as imagens presentes no trabalho. Baseando em uma abordagem qualitativa, podemos perceber que o quadro “A galinha preta pintadinha” é mais um obstáculo que as religiões afro-brasileiras vêm enfrentando no decorrer dos anos. A falta de uma base educacional salientada na diversidade das culturas afro-brasileiras poderá ter como resultado o que apresenta nesta pesquisa: o preconceito e falta de respeito com traços que fazem parte do processo histórico-cultural do país.