Resumo- Este trabalho versa sobre a questão da violência, tráfico e maternidade e teve como sujeitos as mulheres apenadas do Centro de Ressocialização Júlia Maranhão, instituição carcerária, localizada no município de João Pessoa-PB. O Artigo é fruto da Tese de Doutorado, defendida em abril de 2013, junto ao Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPB sob o título: Violência, tráfico e maternidade: Um estudo sobre as mulheres encarceradas. No decorrer da análise dos dados, aliada à revisão da literatura, foi possível observar que ao articular as diferentes posturas teórico-metodológicas constatou-se que as relações prisão/violência; presa/maternidade são insuficientes para representar o presídio feminino Júlia Maranhão dado a sua complexidade: um lugar de convivência, mas também, de conflitos, onde as práticas coercitivas ali presentes, são, quase sempre, legitimadas pela sociedade, que encontra-se do outro lado dos muros da prisão e, portanto, nem de longe, consegue imaginar o que ocorre no seu interior. Neste sentido, na tentativa de descrever as experiências dessas mulheres acerca da maternidade e o seu envolvimento com o tráfico de drogas, optou-se pelo método da história de vida junto a 46 entrevistadas. A análise das falas mostrou que os ciclos de violência, presentes na trajetória de vida dessas mulheres influenciaram na formação de sua identidade e de seu caráter, fazendo supor que há uma relação entre o padrão violento a que foram submetidas nas diferentes fases de sua vida e por diferentes sujeitos (pais, padrastos, namorados, companheiros) e a inserção na vida criminosa. Os resultados do estudo apontaram para a necessidade de formulação de políticas públicas específicas, visando minimizar o impacto que o aprisionamento provoca na vida dessas mulheres, de suas famílias e de seus filhos. Portanto, no nosso entendimento apontamos para a necessidade de realizar alterações tanto legais quanto institucionais, não apenas no ordenamento jurídico brasileiro, mas, sobretudo, no sistema penitenciário, tornando-o mais justo e humanitário, vez que as pessoas que ali se encontram, antes de serem criminosas, são humanas. Tal mudança, justifica-se numa tentativa de garantir o direito às mães de exercerem sua maternidade, favorecendo assim, o processo de reinserção social.