Este trabalho vem apresentar os resultados parciais da pesquisa de mestrado em andamento junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB. O estudo proposto justifica-se primeiramente pela importância em se conhecer as representações docentes no que diz respeito à repetência escolar, uma vez que, de acordo com Abric (1997) os comportamentos são guiados pelas representações das situações e não por suas características objetivas. Em segundo lugar, pela necessidade de dar voz a estes protagonistas educacionais para que se coloquem no que concerne à aceitação ou não aceitação das políticas educacionais de não-reprovação. São objetivos: analisar o sentido atribuído pelos docentes à repetência escolar, os elementos constituintes destas representações, o impacto que as mesmas exercem sobre as práticas educativas e suas perspectivas no que concerne à estratégia de organização de não-reprovação do ciclo de alfabetização instituída pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Os procedimentos metodológicos de coleta de dados envolvem: 1) aplicação de questionário para estruturar o perfil sociocultural dos sujeitos; 2) realização das entrevistas semi-estruturadas; 3) observação livre das reuniões e encontros de formação de professores cadastrados no PNAIC. Os dados serão analisados a partir da técnica de análise de conteúdo fundamentada por Bardin (1979). Neste trabalho apresentaremos os resultados obtidos com a aplicação dos questionários socioculturais. Os questionários foram aplicados a 09 docentes de 07 escolas da zona rural da rede municipal de ensino de Santa Helena - PB. Os questionários no revelaram que o corpo docente é formado unicamente por mulheres, professoras que se encontram nos primeiros anos de carreira ou na metade deste percurso, considerando o tempo mínimo de 25 anos obrigatórios para o magistério. São educadoras jovens, com idade entre 24 e 49 anos, informação que nos permite inferir sobre a época na qual estas docentes vivenciaram sua trajetória escolar, considerando que as representações sociais tem origem na vida diária por meio da comunicação, estas docentes cresceram em meio às décadas de 80 e 90, período no qual, como afirma Ribeiro (1991) a prática da repetência estava contida como parte integral e natural do processo educativo. Todas as docentes concluíram a graduação ou pós-graduação entre últimos 12 anos, o que poderia caracterizá-las como mais flexíveis às mudanças e novas propostas educativas, como é o caso do PNAIC. As docentes pesquisadas iniciaram suas carreiras no sistema público de ensino, o que nos permite deduzir que estas já vivenciaram diversas ações governamentais, assim como também protagonizaram lutas e reivindicações na busca pela melhoria do sistema educacional. Poderá este fato tornar consensuais as representações acerca da repetência escolar, uma vez que iniciaram e permaneceram no mesmo contexto educacional? Será que uma vivência escolar marcada pelos altos índices de reprovação será refletida em suas representações sociais acerca da repetência? A juventude, os poucos anos de carreira e a formação recente as tornarão receptivas a política de não-reprovação do PNAIC? Esperamos responder a estas e outras questões a partir das entrevistas e observações que consistem nos próximos passos do nosso estudo.