O presente artigo, de caráter bibliográfico, tece reflexões acerca da problemática socioambiental vivenciada pela sociedade, ressaltando seu caráter histórico de relação com o modo de produção capitalista. Comenta o caráter utilitarista que atividades científicas e tecnológicas adquirem nesse modelo de sociedade para modificar a natureza ecológica e humana, implantando a necessidade de consumo e demanda por produção de bens materiais. Dos preceitos capitalistas emergem crises ambientais e sociais que não devem ser vistas de forma isolada e fragmentada, pois refletem ângulos diferentes de um mesmo problema, qual seja a reprodução ideológica do modelo capitalista de desenvolvimento. Assim como toda a estrutura social e política, a Educação Ambiental (EA) tem sido utilizada como instrumento de manutenção do status quo da sociedade, mascarando os reais problemas e reduzindo-os a problemas ecológicos. Essa Educação Ambiental, chamada de conservacionista, se apoia em práticas de reconhecimento e aproximação com a natureza, em seu sentido mais ecológico, se isentando da responsabilidade de questionar a crise socioambiental, que envolve os problemas sociais, as mazelas, a miséria, doenças e desigualdades. Nessa perspectiva, os problemas ambientais são restringidos à problemas como jogar papel nas ruas, poluir áreas verdes e desmatar, o que não deixa de ser importante, porém, questões como produção e consumo, responsabilidade ambiental das empresas poluidoras, ações governamentais voltadas ao bem estar socioambiental, muitas vezes, nem sequer são referenciadas. Esse viés da EA, com potencial transformador limitado, tem preenchido as atividades educacionais em ambientes de ensino formal, buscando efetivar a visão fragmentada da problemática socioambiental e servindo à reprodução ideológica capitalista. Nesse sentido, o número de escolas alegando realizarem EA tem crescido consideravelmente, no entanto, as práticas são conservacionistas, desprovidas de criticidade Em contrapartida, a Educação Ambiental crítica não se resume à abordagem ingênua sobre a crise socioambiental, mas ao contrário, a expõe refletindo sobre a possibilidade de mudanças. De forma complementar, a percepção crítica da EA, que incorpora as dimensões ética, política e econômica dos problemas socioambientais, possibilita a formação de sujeitos conscientes e críticos.