Este trabalho analisa o conto de Edgar Allan Poe, “A queda da casa de Usher” (1839), destacando elementos do gótico (pós)colonial, segundo os postulados de Khair (2009), dentre outros, tais como, Hogle (2002) e Savoy (2002). Buscar-se-á desvelar aspectos do que ficou conhecido como “o gótico americano” (com características diferentes daquelas do gótico europeu) e como estas influências estão entrelaçadas por um viés ora colonialista ora póscolonialista, por parte do autor. Com este percurso histórico e teórico deste subgênero do romance via obra de Poe, este artigo mostrará como o gótico revela ansiedades sexuais e culturais acerca da mulher, ilustrada na personagem do texto em tela, Lady Madeline, uma jovem excluída do saber, na mansão da família, controlada pelo irmão. Ao passo em que ele, Usher, representa uma síntese do intelectual produtivo do seu tempo, ela ronda, como um fantasma, tanto sua biblioteca quanto seu estúdio. É enterrada viva e retorna para assombrar a psique e os hábitos do irmão seu irmão algoz. Este conto é um dos poucos e um dos primeiros – de autoria masculina - a abordar claramente a separação feminina do acesso ao saber, o que lhe mantem numa situação de falta de poder e exclusão total da produção de conhecimento. As obras de Poe não costumam ser sensíveis à condição feminina, mas este estudo revela uma aparente sutil alusão a uma questão que já inflamava os debates feministas de então. É situando este debate feminista no contexto do gótico (pós)colonial americano de Poe que se insere o pioneirismo desta proposta, visto não terem sido localizadas pesquisas sobre o autor e a obra na discussão aqui destacada.